sábado, 30 de abril de 2011

Swan Lake

"- É sobre uma rapariga que se transforma em cisne, e precisa de amor para quebrar o feitiço. Mas o seu príncipe apaixona-se pela rapariga errada... E ela suicida-se.
- Não parece ser feliz.
- Na verdade, é lindo!
(...)
Saboreia a brisa, toca-a. Demonstra confiança. Tens o coração destroçado, ferido, a força da vida foge, o sangue pinga.
O cisne negro roubou-te o amor, e só há uma forma de acabar com a dor. Não tens medo, mas está resignada.
Olhas para o teu mundo a desfazer-se e, num vislumbre... E então sim, o público. E então, saltas!"
Pois bem! A cisne branco comete  suicídio... E depois? E o príncipe e a cisne negro? São felizes para sempre? Ele percebe que fez a escolha errada? E, se percebe, mesmo assim, continua a manter seus passos, pisando freneticamente na mesma ripa de madeira podre do chão? E será que, depois de um tempo, a cisne negro não percebe que a inveja que a fizera outrora roubar o príncipe, já não faz dela tão feliz? Justamente ela, que o destino lhe fizera relativamente má para dar à cisne branco seu aspecto de mártir... Para seduzir e ser livre (ou eternamente sozinha)...
Contam-nos uma história e esquecem de concluí-la. Nada termina com um simples "FIN", queda de cortinas vermelhas, agradecimentos, flores, sorrisos... Os espectadores recebem meias-emoções e se dizem satisfeitos. Ora, satisfação vai além de uma bela apresentação com passos cronometrados ao sentimento.
Sentir... viver... Aprender a deixar o príncipe de lado e unir os cisnes além do reflexo do espelho. Encarnar o sangue - sempre vivo - da ferida que mantém-se aberta pelas próprias unhas e delírios.
Eu, aqui, só queria saber o verdadeiro final da minha visão que se banha entre plumas e fitas.

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