sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nonsense.

- "Mas, e por que não deixar a vida se encarregar de deixar passar?"
Foi o que disse ele, deixando escorregar sua mão pelo meu braço, tal seda arrepiando o corpo nu. Fecharam minhas pálpebras, como cortina que tomba grotesca rente ao fim de uma apresentação, encobrindo as gotas de choro incontido na irrazoabilidade de existências. Foi um desespero irrevogável, uma perda de ações impossível de encobrir as confusões que cada cílio, inutilmente, tentava conter.
Das mágicas inexplicações entre o desenvolver de sonhos e as sinapses nervosas, me encontrei perdida nessa lagoa tão morta que me olha todos os dias, analisando nossas rotinas diversas e peculiares de sermos quem somos.
Ele dignou-se de fazer-me rainha. E o beijo levou consigo um sorriso sincero, onde nem a temporalidade das palpitações conseguirão tirar o amargo que ficou no veneno da saliva. Os gestos, tão cálidos, eu os refaço diariamente, na depressão de pensar que me vigias enquanto durmo os meus cem anos de feitiço.
Bela adormecida, Aurora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário