segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Un peu plus de tout.

De um sorriso encabulado ao rubro espontâneo de minhas bochechas, te persigo.
Os olhos leves de uma nova vida. La poitrine qui demande ton corps. Um brincar de dedos... une bataille entre les anneaux d'argent. Abaixei o rosto para não facilitar as memórias e, me abraçando, lembrei do calor que depositaste em mim a cada gesto de cuidado.
C'est quand je ne me permet pas sentir que je sais très bien que tout est déjà perdu. E por que não deixar embaraçar os cabelos? O sol afogado pela luz cega da lua... C'est comme ça: mort et heureux.
Das palavras ecoantes na noite tão longa, o grito das matizes vermelhas do nascer do sol: Notre silence.
Pega o cálice de vinho, acende o cigarro... o dia tá amanhecendo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Precipício

É esse precipício que me lambe a sola dos pés, me nocauteia de vertigem, me atiça ao chão lá onde as pessoas são miúdas. Vem subindo pelo meu corpo, escorrendo em suor das coxas ao pescoço; balançando o cabelo úmido, a respiração pesada ao pé do ouvido. Vem e diz que não importa o mundo! É só sentir a adrenalina mordiscando os dedos das mãos, esticando a coluna, arrepiando cada poro.
É um amante, mãos novas.. um novo tom de batom, uma nova meia-arrastão... o mesmo jeito de olhar pro precipício.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Des-semelhanças

Era na beira da estrada que se observava, com muita glória, o contato - quase pecaminoso - do sol com as águas das plantações de arroz. A criança, dotada de ingenuidade, analisava aquela produção humana como divina: extensos caminhos espelhados virados para o céu azul de nuvens gordas. Piscavam os olhos incomodados pela frenética lambida do dia ensolarado em suas pupilas; quis ver-se por entre o firmamento solidificado nas águas frescas.



A menina acabou enlameada pela descoberta que fizera: as coisas belas necessitam de uma apreciação longínqua - sem toques ou respiração próxima. Nem tudo vai de encontro à rudeza do traço quando analisado de perto... transcende, na realidade: a podridão consome a subida das curvas, por entre as pernas, o olhar límpido igual ao das águas esconde muito além de mentiras...

Heartbreaker


Hey fellas, have you heard the news?
You know that Annie's back in town?
It won't take long just watch and see
How the fellas lay their money down


Her style is new, but the face is the same
As it was so long ago
But from her eyes, a different smile
Like that of one who knows

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Constitucional (PARTE 1)

Era uma vez um giz amarelo...
E ele sonhava em se tornar um giz branco, pois o branco era tratado com respeito, utilizado por pessoas sérias; já ele era uma piada, da cor que as pessoas menos gostavam. Cor de urina.
Um dia, ele foi conversar com o giz branco para descobrir o segredo do sucesso... , porém o giz branco nem sequer falou direito com ele: não conversava com gizes inferiores, que eram de outras cores. Decepcionado, o giz amarelo se afastou envergonhado pela sua cor. Quando estava próximo do seu lado do quadro negro, ele se viu cercado pelo giz branco e seus outros amigos brancos.
De repente, o giz branco gritou "QUEBREM ELE!", e todos juntos atacaram o indefeso giz amarelo. Ele tentou se defender, mas foi inútil. Quando eles terminaram, ele não passava de poeira.
O quadro negro, que fora testemunha ocular do crime doloso quinquamente qualificado, resolveu vingar a morte do amigo colorido, responsável pelos sóizinhos com rostinhos felizes. O quadro negro jurou morte lenta aos gizes brancos.
Ele contratou um profissional para o trabalho, já que havia pouco que ele pudesse fazer. Pagou o apagador para que ele vingasse o seu amigo.
Na calada da noite, o apagador fez o seu serviço. Usando das suas partes de madeira, quebrou cada um dos gizes brancos. Mesmo que eles tentassem fugir, o apagador seguiu seus rastros de giz e os apagou de uma vez por todas.
Não adiantou. A administração da escola comprou mais um pacote de gizes brancos. O quadro negro chamou seus amigos giz rosa, azul e verde para travar a revolução mais sangrenta de todas!