sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O meu primeiro dia 23 do ano.

O sol beijava o mar carinhosamente, depositando diamantes sobre a superfície verde-azulada. Minha íris se confundiu com o límpido movimento daquelas águas que engoliam serenamente a riqueza da cidade das máscaras.
Veneza presenciou o canto das gôndolas sob a calidez do dia sem nuvens. O horizonte mesclava matizes de azul enquanto depositava, eu, meus sonhos ao pé das estacas que seguram esta estrutura divina... e o vento gélido, mais uma vez, zombou do meu sorriso para o infinito bem-estar de uma possível primavera invernal.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

De Porto Alegre ao Rio de Janeiro... (o primeiro avião)

Que sensação gostosa essa de sentir o avião subindo em direção ao infinito. Não tem morfina que bata o gozo da inércia. É uma vertigem que lambe e mordisca as canelas em direção ao ventre, que prende os braços em uma estrutura invisível e banha a cabeça com sonhos prazerosos. A janelinha mostra o distanciamento escalar do paupável para o meio do nada. As nuvens embebedam minha constante dor de cabeça, e, por um instante me consomem todos os poros do corpo por um sentimento de liberdade, tesão, satisfação; como se eu merecesse sentir tudo aquilo. Morreu, pelo tempo da decolagem, minha depressão. É vergonhoso dizer que não senti vontade alguma de pensar no que eu estava deixando em solo?
O serviço de bordo apareceu e, com ele, o desejo de compartilhar tudo. Estranhamente, misturado ao forte cheiro dos amendoins, senti o perfume dela. Doce, suave, me acalmando da calma que eu já sentia.
O sol apareceu no meio disso tudo, de repente, me roubando a atenção. Olha: vida! Um dia, meus amores, vocês estarão fazendo este mesmo trajeto, mas estaremos os três juntos, de mãos dadas, rindo em um orgasmo intenso que nos traz a felicidade.
Em tua homenagem, linda, pedi um café. Não tenho nada mais poético a dizer do que: apertou meu coração, senti tua falta. Só pelo cheiro desse vício que me proporcionaste. O gosto... nunca vai ser melhor que o teu. A cada gole, eu sorvia tua pele, teus lábios, teus olhos. As nuvens escondiam lá no fim do céu a pureza da tua alma, a maciez pálida das tuas curvas, a imensidão da nossa existência.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fim dos dias

A cidade tem segredos em cada canto visível ou escondido. Cada rosto esconde as dores que não nos orgulhamos de proferir à qualquer desconhecido.Eu me tornei parte dos rostos que fingem sorrisos agradáveis em meio a este ambiente friamente aconchegante.
Os telhados de ardósia, tão peculiares em sua fragilidade, seguram o céu que cai grosso em cima deles; ao mesmo tempo, escondem os vícios do cigarro, abandonados ainda acesos no caminho infinito do contato morto de nossos pés...
O céu me engole, cinza. O concreto come os meus pés, meus olhos, minha consciência. Assim seguem os dias: deformando meu ser/estar, afundada em doentios pensamentos e a conhecimentos que ninguém entenderá da mesma maneira que eu compreendo... Cadê o sol?