terça-feira, 3 de maio de 2011

22\dez\2010


Aqueles pedacinhos de bolinhas brancas se desprendiam da negritude do firmamento chamado "infinito" e caíam em rodopios bêbados por tudo quanto era direção: acertavam as folhas superficiais dos pinheiros, as ruas, os carros, a minha cabeça e as de tantas outras pessoas. Agora, já não quero falar de sensações, mas de uma regresão ao meu eu correspondente àquela menina de dois/seis anos de idade. À transformação repentina dos olhos cansados de mulher para os brilhosos de criança frente à imensidão da Mãe Natureza.
No ônibus, voltando para CASA, a paisagem é acolhedora: todo o branco da neve servindo de cobertor para tudo o que havia pela frente. Reina soberanamente aquele acolchoado - e não cessa a sua construção.
A neve, que demorou tanto para mostrar a sua face para mim, resolveu apresentar-se. Mas não fora uma aparição encabulada... Esta dama albina surgiu com todas as suas madeixas à mostra, seio descoberto e sorriso nos lábios pálidos e úmidos. Aceitou a nudez para que eu pudesse deslumbrá-la inteira.
Ela não é uma menina. É, definitivamente, mulher! Bem sabe, por isso, que as coisas feitas, apresentadas e sentidas pela metade, não valhem tempo de desperdício; nem para, ao menos, tentar encontrar o que (ou quem) as complete.

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