quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Feliz espírito natalino!

Talvez, para nós, não nos falte nada e estejamos muito ocupados tentando atingir metas e finalizar prazos... Mas tem muitas pessoinhas nesse mundo que estão precisando de cinco segundos de um sorriso e um gesto parceiro!

Neste Natal, eu adotei uma cartinha do Papai Noel nos Correios, doei brinquedos para os bombeiros distribuírem e fiz uma limpa no guarda-roupa. E convido a todos para que façam o mesmo! Afinal, nós usamos roupas boas, dormimos em camas macias e fomos rodeados de ursinhos de pelúcia na infância (que hoje, certamente, estão abandonados em um canto do quarto...).

O Natal é símbolo de esperança (e sei que nem preciso explicar o contexto bíblico..)! Por que não darmos esperança para o próximo, bem como nos enchermos da mesma esperança? Esperança de um mundo melhor através dos nossos próprios atos!



"Que o Natal seja mais um momento em que as pessoas acreditem que vale a pena viver um Ano Novo."

domingo, 24 de novembro de 2013

E se as ondas desmancharem?

Certa vez, lendo a história da Natasha Kampusch, deparei-me com uma situação bastante interessante: o moço que a havia sequestrado lhe raspara a cabeça, se desfazendo dos cabelos da moça para que não houvesse resquícios dela dentro da casa. Ora, todos sabem como os cabelos, para a figura feminina, são importantes! As madeixas representam a personalidade da mulher de uma forma muito peculiar e, por isso, muitas vezes, fazer mudanças no visual torna-se um "sacrifício". Sei bem de muitas raparigas que prefeririam ter de fazer qualquer coisa para que nada viesse a acontecer a nem 1mm dos fios.
Sempre que chega o verão (e o calor, suor, mosquitos...) escuta-se, pelo menos uma vez, a máxima "vou raspar tudo fora!". Eu, de igual forma, tenho um carinho grande pelo meu cabelo - mesmo me submetendo a diversos cortes peculiares - e, admito, mal entramos na primavera, já proclamei a frase supracitada.

- E se eu raspasse meu cabelo?
- Não faz isso, amor! Tu é bonita com cabelo!
(Sorriso.)
- E... E se um dia eu TIVER de raspar meu cabelo?
- Aí eu raspo também!
- Ué, por quê?
- Porque é na saúde e na doença, não é?!



Segurei as lágrimas nos olhos. Dessa vez, não tenho dúvidas de que está tudo no seu devido lugar.

sábado, 26 de outubro de 2013

Bolero

- O que te entristece?
- A desigualdade social me entristece.

O mundo estava aos berros por toda a parte: eram os protestos na frente da prefeitura, eram os estandes sendo montados para a Feira do Livro e também era o pôr-do-Sol tímido nesse hediondo começo de horário de verão... Muita rotina, preocupações, peixes e mídia estavam ali, e, ao mesmo tempo, nada tinha relevância. Naquele momento, selecionamos o que queríamos ver, mesmo com todos os barulhos que a cidade faz, todos os dias, incansavelmente.
(E se te vale um segredo, conto que te vi partindo, de costas, cabeça alta...) Só depois, pisei nos degraus descendentes que me levaram ao sentido oposto.

Ontem foi a última vez que te vi. E de ontem para hoje, parece que já se passaram anos...
Ontem, tu não me viu chorando. Mas os outros viram. Os olhos curiosos, de faces estranhas, no vagão do trem, depositados em cada gotinha que escorreu. As paredes do meu quarto fizeram silêncio para melhor acolher a saudade. Cada gotinha contendo cada segundo do teu sorriso que só eu vi.



"Para nós, todo o amor do mundo; para eles, o outro lado."

- Estou tentando ser clara, mas tem coisas que só fazem sentido na minha cabeça.
- É onde importa.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Blowing in the wind

Mesmo de olhos fechados, foi possível ver o sorriso contido e espontâneo que me ofereceste. E ao escancarar minhas pálpebras, lá estavam todos os traços de teu rosto masculino a depositar serenidade à minha fronte. O silêncio me embalou e adormeci enquanto Dylan cantava nos meus sonhos, explicando toda a serenidade de um coração palpitante...

"You raise up your head
And you ask 'Is this where it is?'"

Do outro lado destas letras, alguém trouxe memórias que abraçam. De repente, alguém veio e tatuou minha pele com desenhos e cores que só eu e tu poderemos enxergar. E lá está, novamente, teu sorriso tímido e fantástico a prestar reverências aos meus olhos de Capitu.
Quanto a todos os 'não-dizeres' que guardei, o silêncio singelo de cada ato foram escancaradamente gritantes... Seria possível prendermos um momento em uma garrafinha de Coca-Cola, igual àquelas com miniaturas de embarcações que são vendidas na praia? 

Escondidos em minhas águas, nadam teus peixes.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Escorregar

Talvez ela não tivesse me atraído tanto se não estivesse nua... Bem possível que eu não teria dado à ela a devida atenção se não fosse seis horas da manhã de um dos invernos mais rigorosos e chuvosos que tive o (des)prazer de vivenciar.
E se não fosse eu quem estivesse passando por aquela ponte? Se fosse outro? Será que ela estaria viva ainda? Será que alguém teria parado? Tu pararias?

Saí de casa às cinco horas da manhã. A noite me engolia, achatava... Sozinho, no carro, enojado com a dança do limpador de pára-brisas, meus pensamentos se erguiam como um filme em preto e branco, ao som de John Coltrane, que calmamente desenhava sabores aos meus ouvidos. A aliança pesando minha mão esquerda, como uma necrose que estava por vir.

Curva para a esquerda. Curva para a direita. Reta. Curva para a direita de novo.

Ponte.


Uma menina, moça, mulher...! A chuva a lhe desabar na pele, nas sardas; o frio a triturar a mandíbula. Parei e desci do carro. Nem sabia o que fazia, mas fui correndo até ela. Mirava longe, como se minha presença não fosse nada além de uma nova gota de água na testa.
- O que foi? O que fazes?
Não me respondeu. Tremia. Ria. Chorava. Devagar, foi sentando na borda do que a separava entre o chão e o nada. Meu blazer foi parar em suas costas e fiquei a observá-la, atônito.
- Não quero mais isso. Quero o que vem depois!
- O que vem depois? - Questionei.
- Paz!
- E como sabes?
- Não sei.
Silêncio.
- E se eu me deixasse escorregar lá para baixo?
- Eu te seguraria.
- Por quê?
- Por que não?
Silêncio.
- Vou cair. - Levantou os braços, fechou os olhos, levantou as pernas... Perdia seu ponto de equilíbrio sobre aquela ponte e estavas para sumir... Segurei suas mãos geladas. A partir disto, a rapariga saiu do transe de "despedida" e pôs-se a chorar descontroladamente. Devagar, fui tirando-a daquela situação perigosa e ela entrou no meu carro.
Girei a chave na ignição e fui retomando a viagem.

Curva para a direita, curva para a esquerda, reta, pedágio, curva...

Jamais soube o motivo que a levou a desejar tão severamente um fim. Nem preciso saber...
Hoje ela é minha esposa e temos dois lindos filhos.

domingo, 21 de julho de 2013

Velha cantiga antiga

Procurei, no meio da noite, teu peito para usar como travesseiro, e também procurei teus dedos para arrancar dos meus olhos as lágrimas ardidas. Não te encontrando, avistei-te distante... Longe o suficiente para ter de aceitar o quão perdida me encontro.

É estúpido o medo que temos de morrermos.. Não apenas da morte, bruta e simplesmente, mas sim daquela que nos oferece a visão de solidão. Morrer, nós morremos cada dia um pouquinho: com um cigarro a mais (e um câncer de pulmão), uma fritura a mais (e veias entupidas), uma dose a mais (e a cirrose), uma respiração a mais (e o envenenamento)...
Morrendo, nos sentimos abandonados. Como de fato estamos! Toda a dor que emana dos meus olhos resseca o coração que ainda bate. Todo o calor que minha pele precisa, transforma-se em pedra até que reconheças teu toque.

Procurei, no meio da noite, teus olhos pardos a me cantarem cantigas de ninar. Não existem monstros embaixo da cama, menina! Não existem monstros... mas eu os enxergo. Eles me dizem que estão lá!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

(des)-re-encontro

Dividem-se nossas esperanças por uma delicada linha tracejada. Dizem que não devemos ultrapassá-la no momento em que o traço é existente. Jamais! Mas... Como saber? Não há, propriamente, uma fórmula que indique o momento correto de mergulharmos nas águas convidativas do mundo escondido nos suspiros e olhos fechados.



Se há um segredo para alcançar teu sorriso, quero que me expliques como unir meu interesse em sentir cada gota de ti! (Os alfinetes na pele clara.) Se meus olhos vazados sugarem tuas lágrimas, mesmo que por poucos minutos, já dou-me por satisfeita.
Sempre será um arrepio invisível, palavras mudas, presenças desencontradas. Te carregarei além dos sonhos e expectativas, por entre as fendas das linhas tracejadas...

E se tu deres um passo para fora de ti, espero-te dentro de mim.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Felicidade não precisa ir embora!

Acredito que este seja um dos meus escritos mais divergentes do meu modo de expressão. Entretanto, deparei-me com o questionamento (tão inútil e banal e que tão poucas pessoas pensam a respeito):
"O QUE É FELICIDADE?"


Questionei alguns amigos e conhecidos a respeito, e todos me responderam com momentos, situações de bem-estar. Em análise, essas pessoas apenas se dizem sentir felizes quando em companhia. Desprendem-se as cenas: (a) jantar com amigos; (b) festa e bebedeira com parceiros; (c) acordar ao lado do namorado; (d) jogar bola no final de semana com a turma; (e) comer polenta com a avó; ...
Na minha concepção, ser feliz é ter o sentimento de plenitude, satisfação, gozo... Sozinho! Por que precisamos usar outro alguém como bengala para sorrir? Estar em paz não é admirar um quadro, mas se sentir dentro dele!
Quem, hoje em dia, se presenteia com o nascer do Sol? Com o desenho das gotas de chuva escorrendo pela janela? Um vinho diferente? Um quilo a mais na balança?... Faltam pessoas que apreciem usar uma calça de moletom ao invés de uma calça social.
O privilégio de sermos felizes só pode nos ser oferecido por nós mesmos!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A vida é feia.

As pálpebras escancaradas contrastavam com a sua cabeça, descansada e tranqüila, repousando por sobre o peito daquele rapaz. Ele explanava a sua vida dentro do sonho que consumia seu sono. A garota a fixar detalhes: os corpos nus a se encostarem sem qualquer pudor ou malícia; os dedos dela afagando os pêlos do peito dele; a vida a morrer em cada segundo do ponteiro imaginário do relógio.
A madrugada, a se esvair em sereno, entupia de aflições os pensamentos de Beatrice. E por que aqui? E por que não antes? A vida é feia. A vida acontece sempre tarde demais.
Abrupto, levantou-se. Vestiu as calças. Ia embora. As pupilas negras da menina juntaram-se à noite. Mirava longe. Rebentou-lhe delicada lágrima. Escorreu.Ficou pendente na ponta do queixo...
- Tu me amas? - ele lhe perguntou.
Beatrice sorriu.
- Não.
- Pois eu te amo. E não quero que tu me uses.
O silêncio a corroer as goelas, a fazer doer o peito de cada um.
- Estou apaixonado.
- E o que devo fazer com essa informação?
- Nada, amor. Apenas deixas-me com meus sentimentos! Deixas-me estar apaixonado!...

Quando percebeu, Beatrice havia recebido seu último beijo e as chaves do carro já não encontravam-se em cima da mesa.