segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Choo-choo

   Hey, babe...
   A gente viveu a vida que eu sempre quis, mesmo com os detalhes extras. Todo o tempero, o sabor, o alarme, os trens pela nossa pele.
   Ficaremos dez anos sem nos ver. Cap.
   A cicatriz mais bonita não tá mais na minha retina. É meu bom dia e meu boa noite. É meu corpo, minha história, minha ressaca. Nossa ressaca.
   Quem sabe amanhã eu apareço.
   Os trens. Os ratos. Os sonhos. As nuvens, a chuva, a dor que é respirar. A fumaça. A sujeira. As luzes.
   Joguei fora os remédios. Se é para doer, que doa! Quero sentir cada caco de vidro que eu engolir rasgar minha garganta. Quero sentir toda a felicidade de esbarrar em um poste de novo. Choo-choo.

   Cap.
   Hey, babe... a vida não acabou. We will conquer the world.


domingo, 19 de novembro de 2017

Sonhos

   O problema de quem está acordado é dormir. Definitivamente, os sonhos maltratam a rotina dos que querem seguir em frente. Seguir em frente é opção, mas concretizar é tão difícil quanto acordar.
   Todas essas mudanças, tantos sorrisos, tanta facilidade de respirar novamente para, de repente, um sonho que te puxa de volta para uma lama imensa e inexplicável. Os erros que cometi. Os erros que cometeste. E se tudo tivesse sido diferente? E se tudo ainda fosse?
   A dor é dos que ficam. A dor é dos que perdem. E eu sinto dor. Ainda. Mesmo não querendo. Mesmo fugindo.
   Todas as marias-fumaças desenhadas em minha pele. Todos os trilhos que reencontraram a Pequena Ladra e o mistério que ninguém sabe, nem eu, e que nunca foi escrito. Nunca mais escrito. A Maldição que volta. E que não termina.
   A dor é dos que sonham.



[https://www.youtube.com/watch?v=ZoQO7e2THIw]

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Plenitude

   Pela primeira vez em anos eu estou me sentindo plena. Sim, foi um erro crasso se alguma outra vez nessa vida ousei crer que me afundava em plenitude. Estou plena e essa imensidão de ondas de felicidade rebentam em meu peito de uma forma tão incrível que meu corpo inteiro dói de tanto sorrir e eu quero sorrir a vida inteira!
   Danilo apareceu na minha vida muitos anos atrás e foi embora. Depois voltou e foi embora de novo. Depois voltou mais uma vez e cuidou de mim como ninguém fez, como nem eu mesma fui capaz de cuidar. Danilo apareceu a primeira vez para me ensinar como me apaixonar por alguém para o resto da vida, incondicionalmente. Apareceu a segunda para me dar certeza que meus sonhos com alguém poderiam ser sonhados. Apareceu a terceira vez para ficar, fazendo eu me arrepender amargamente de tudo o que eu vivi até hoje, reacendendo sonhos que eu extingui com o tempo.
   Poderíamos ter ousado ficar juntos em outras épocas, mas a falta de maturidade cobra caro e hoje, talvez, tudo fosse diferente. Hoje, eu te aceito como meu legítimo esposo e vou te aceitar e te querer para sempre, para dividir contigo essa plenitude nos encharcando ainda com tanto gosto, tanto amor, tanta imensidão! Hoje, o verde do mar se une ao azul do céu e nossos olhos dançam felizes um dentro do outro. As noites mal dormidas se libertaram de todas as cicatrizes e, finalmente, adormecemos felizes, de mãos dadas. O meu rosto em teu peito irradiando o sorriso que tu desenhou em mim.