sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

The sound of silence

   É sexta-feira e sextas-feiras me massacram. Afundam meu crânio em devaneios e incertezas. Falta-me o ar e parece que está tudo bem com isso pelo lado de lá. Revivo, terrivelmente, cada passo que dei em nossa jornada, cada saltitante movimento... Ainda recorda-te? Ou eu já sumi de tua memória? Eu sumi ou tu me fizeste desaparecer?

   Sinto que o meu dia-a-dia se arrasta para cada vez mais distante de ti, embora cada pisada que eu dê, firme, em solo, seja crendo que em breve a realidade que vivo deixará de existir e se tornará aqueles dias completamente inquietantes e verdadeiramente felizes que passei ao teu lado e que sonho noite após noite, incansavelmente.

    Como pode tudo ter mudado? Tu não me sentes mais? Não me amas mais? Fui fogo de palha em face à tua grande labareda?... Mas eu persisto, igual uma assombração que te inquieta, te irrita, incomoda, machuca. Eu persisto, mesmo me ferindo e dilacerando. Porque dolorido de verdade é o teu silêncio face à minha insistência em te querer pelo menos mais uma única vez.