Procurei, no meio da noite, teu peito para usar como travesseiro, e também procurei teus dedos para arrancar dos meus olhos as lágrimas ardidas. Não te encontrando, avistei-te distante... Longe o suficiente para ter de aceitar o quão perdida me encontro.
É estúpido o medo que temos de morrermos.. Não apenas da morte, bruta e simplesmente, mas sim daquela que nos oferece a visão de solidão. Morrer, nós morremos cada dia um pouquinho: com um cigarro a mais (e um câncer de pulmão), uma fritura a mais (e veias entupidas), uma dose a mais (e a cirrose), uma respiração a mais (e o envenenamento)...
Morrendo, nos sentimos abandonados. Como de fato estamos! Toda a dor que emana dos meus olhos resseca o coração que ainda bate. Todo o calor que minha pele precisa, transforma-se em pedra até que reconheças teu toque.
Procurei, no meio da noite, teus olhos pardos a me cantarem cantigas de ninar. Não existem monstros embaixo da cama, menina! Não existem monstros... mas eu os enxergo. Eles me dizem que estão lá!
Não existem monstros embaixo da cama menina! Nem que eles te digam que estão lá, eles não existem menina!
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