terça-feira, 22 de abril de 2014

Ressaca

A chuva que caiu de mim não foi muito diferente das que choveram outras vezes. Toda a água que cai, cai com a finalidade de deixar o campo mais verde, ou de trazer arco-íris... Eu continuei cinza. Talvez menos escura do que a paisagem, mas continuei cinza. Todas as águas que escorreram vieram das noites, tão claras, que impossibilitaram meu sono. Em cada gota, cada sonho em ressaca, em dúvida, a cair no cimento úmido da construção não concretizada. Tudo o que não vivi e não busquei...

E nada mais que de repente, meu medo desapareceu no teu sorriso e embriagou no açúcar da tua calma, teu jeito de lidar. Teus dedos finos redefiniram meus traços com o sal que já secou. O barro veio a transformar-se em mel, brilhante e puro, estampado na minha retina vazada.
Acalma meu mar e me ergue farol.

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