domingo, 27 de abril de 2014

Atelophobia

De repente, fiquei cansada de engolir a água do mar que brota dos meus olhos e cansada de olhar para a água que escorre pela janela. Tanta água que arde as narinas, as pálpebras, as bochechas... O sal a corroer os dedos que já não dão conta de afastar todos os litros. A sensação de afogar.
Em uma busca desmedida por ar, encontrei-me reclusa em um conceito - justo eu, que nunca autorizei ninguém a vestirem rótulos em minha cintura. Foi então que surgiu: do que adianta (tentar) ser perfeita aos outros se está sempre presente em mim a sensação de fracasso? E essa insaciedade de sentir um algo pré-formado me dizendo que jamais conseguirei atingir o meu objetivo, o ápice do melhor para eu mesma? Que nunca serei suficiente... Do que adianta a preocupação de correr o mundo em busca do Santo Graal, se não serei eu quem irei beber e desfrutar da alegria, do mel, da calma?
Cambaleante, tentei me reerguer. Tudo o que vi foram os nove andares de concreto que me mantém em longe do chão. Deixar desabar seria uma alternativa? E se...?

Às vezes, é um pedido de 'socorro'.

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