quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Equilíbrio

   Prometi para mim mesma que jamais escreveria os verdadeiros motivos pelos quais eu choro ao longo do dia, escondida dos olhos dos outros, trancada no banheiro, no canto do chão do quarto, ao lado da máquina de lavar, embaixo da mesa da sala, ... Que não escreveria aqui, porque tu lerias. Porque eu tenho medo de te perder - e me vem uma certeza avassaladora que me diz que isso vai se consumar mais cedo ou mais tarde.
   Muito penso em não demonstrar o que sinto justamente por essa razão. Que, por demonstrar, tu irás se irritar e se afastar. Mas a cada vez que eu não demonstro, é como se eu engolisse toda a fumaça de todos os cigarros que já fumei. Que tu não presenciaste. E vai entalando e entalando. Preenchendo. De repente, a tosse. Tosse, porque preciso respirar. Tosse, porque é o primeiro indicativo de doença. Tusso e choro.
   E eu choro, porque não é fácil. Porque eu não te entendo. Não te conheço. Choro, porque dói esse sentimento de insuficiência que sinto perto de ti. E que me carrega em corda-bamba sem saber se no próximo passo irei cair ou permanecer.


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