quinta-feira, 5 de julho de 2018

Repetições

   A cama afunda meu corpo para dentro dela. Não há mais como sair. O frio congela meus dedos, meu nariz, minhas pálpebras e meus pensamentos. As pupilas estateladas presas ao teto mudo. Nada diz, nada vê, nada sente. Tudo de novo. Mais uma vez.

A white blank page and a swelling rage.

   Amarras me mantém longe de lâminas e da janela. Tudo ficou vazio. Tudo congelou. Inundou e transbordou. Deixei ir por entre os dedos e não está mais no cheiro dos meus cabelos. Não há mais gosto, nem cheiros ou sequer texturas.
  Há apenas, pendurada na parede branca, a janela de tantos passados. A cor rubra e única do guarda-chuva do casal. De olhos fechado, as gotas gélidas de uma Paris que está tão distante. Por entre as coxas, a pele que lateja a carne lacerada...
   Tudo de novo. Mais uma vez.


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