terça-feira, 3 de julho de 2018

Quase

   Está tudo estragado, trincado, quebrado. As veias torcidas pela gordura que as entopem. A pele rasgada em inúmeros traços. Coágulos de sangue. Cascas de ferida. Os olhos, que já eram vazados, tornaram-se vítreos. O batimento na boca, o ar que não chega, os membros que adormecem... Tudo morre, menos eu. Tudo já está morto, menos o corpo.
   O corpo continua quente, embora congelado. Ainda há vida dentro da carne e talvez ainda existam alguns sorrisos para serem gastos... Não é que nada mais faça sentido, apenas já não vejo algumas cores. Tenho dificuldades em me erguer e continuar. Não é uma questão de capacidade quando se desiste. Às vezes as pessoas desistem.
   O corpo dói. Sangra. As cicatrizes rompem... E inexplicavelmente essa dor é tão boa! Essa dor que me diz "hey, tu ainda sentes algo!"... E eu odeio sentir.

"Because death is just so full and man so small"



Um comentário:

  1. ...and there she goes again. Another day, another block. And here I go again, like a toy.

    Just to let you know that if you decide to take that final step, I'll be right after you and we'll see what there's on the other side. I'm not kidding.

    No silence it's among the things in my "what's best for me" list.

    Again: if you take that final step, I'll be right after you.

    Stop. Doing. That.

    Come back, right now.

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