segunda-feira, 31 de agosto de 2015

De onde vem a calma

Foram alguns segundos. Poucos, mas suficientes. Segundos tão significativos e iluminados pela luz do vagão metálico apressado. A próxima parada já era a nossa, e, por aqueles segundos, não me importei com a rapidez que o tempo passava. Havíamos construído um momento sólido de algo muito bom.
A felicidade, que sempre me foi difícil nutrir, vem se prolongando em acordes interligados e harmoniosos. O olhar levemente esverdeado olhava minha íris azulada, transferindo a correspondência de sentimentos. Incrível como as coisas mantêm o seu sentido e, um ano depois, eu ainda vejo as covinhas das bochechas dele e não deixo de me derreter.
No trem, nossos rostos de frente um para o outro. Eu não consegui esconder o sorriso que a ele pertence Também, esconder para quê?! Aquele dia desgastante vinha a se transformar em um manto de aconchego. Ainda que aqueles segundos tenham sido desenhados no fundo das minhas pupilas, todas as horas que antecederam o instante foram tão intensas, tão fáceis de respirar... A verdade é que cada dia com ele é um presente. Cada sorriso é minha calma.

Um comentário:

  1. Bonito!
    Lembro de um episódio parecido aqui, no metrô de SP.
    Olho no olho, mão na cintura, descemos na próxima estação, que não era nem a minha, nem a dela.

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