quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Querido Diário,
Hoje eu rompi em lágrimas. Conto como se fosse novidade, já que fazem alguns dias que eu não me transformava em chuva. Entretanto, dessa vez, não doeu. Não foi um ato de abandonar chagas. Muito pelo contrário: trouxe para dentro dos meus sapatos algumas pedrinhas pontudas para sangrar meus pés.
Faz umas noites que não tenho dormido. E mais umas tantas que tenho sido consumida por maus sonhos, nos poucos minutos de cochilo. Acontece que, infelizmente, esses pesadelos se incrustam em minha memória, confundindo-se às vivências doloridas que tive. Às vezes eu sinto que preciso sangrar para saber diferenciar isso tudo, para  conseguir respirar mais fundo.
O tempo está passando e eu continuo engolindo essas dores de cabeça que surgem sem motivo. O tempo vai passando e ainda estou com o cenho escondido às coisas que eu queria ser. Eu queria ser e não fui. Jamais serei.
(...)
Diário, tu és esta folha de papel inútil e morta, enquanto eu, aqui, faço de conta que tens vida e que conversas comigo esses anos todos, no mesmo transe em que minhas lágrimas morrem dançando com a água do chuveiro. Veja bem: hoje eu chorei e não senti nada. O dia amanheceu cinza também. E parece que essas últimas 24 horas duraram o mês todo mesmo que, ainda, daqui uns minutos, vai-se embora outro dia e eu não sei direito o que eu fiz com ele.

Obs.: Eu quero fugir de novo. Mas não quero fazer isso sem ele. 
Por que ele me entende?

Nenhum comentário:

Postar um comentário