quinta-feira, 19 de junho de 2014

Pulp fiction

Com as vontades escondidas embaixo da jaqueta de couro, o rapaz, que carregava no olhar e na postura um pouco do que Elvis tinha, acendeu dois cigarros. E enquanto a fumaça rodopiava em sapatilhas de ponta, um deles foi parar na mão da moça, que agradeceu a gentileza com os olhos. Era noite e as únicas luzes que o lugar apresentava estavam ocupadas beijando o tapete verde recheado de bolas de bilhar.
Envoltos pelo barulho, entre eles passeava um respirar silencioso - como se aguardassem o exato momento para. Enquanto, as fumaças iam deslizando pelos dedos e gargantas, acariciando as faces. Sem pedir permissão - porque não era preciso -, o rapaz pegou a mão da moça, e se deslocaram para um pequeno espaço onde era possível dançar. Ali, em suas mentes, montaram um pequeno palco onde, por uma brevidade de segundos, fez-se os anos 1950.
Os sorrisos, outrora tímidos, se consolidaram entre giros. Ninguém precisou explicar; todos entenderam o que havia acabado de acontecer.


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