Nestas beiras de vinte e um anos, a vida me fez engolir as máximas que, para os outros, ela lentamente ensina. As cicatrizes vão além de marcas que enfeitam a pele, são gravações em retinas oculares que desenvolvem uma valsa graciosa entre os diversos corpos, as diversas mãos, a união e o compartilhamento de sonhos, copos, suores, prazeres.
Me descobri fumaça, assim, tão nova. Antes eu era fogo e lambia em labaredas as desenvoltas linhas que teu corpo tatuado e cru se apresentou como lar. A presença, em cinzas, deixou marcada a testa de tantos outros. Me descobri fumaça e já não posso querer virar matéria. É assim que me tornei: leve, fácil, sem deixar rastros, cigana.
Eu quero um vento para levantar a saia da mulata; eu quero um samba para que não desanime o ritmo da festança. A vida funciona para quem quer viver. Eu? Eu sou fumaça na vida de tantos, na vida de muitos, na vida de todos.
Agente quer ser sempre tantas coisas... um dia, uma dia... agente consegue. Descobre. Vira.
ResponderExcluirAdorei!
=*