sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Des-semelhanças

Era na beira da estrada que se observava, com muita glória, o contato - quase pecaminoso - do sol com as águas das plantações de arroz. A criança, dotada de ingenuidade, analisava aquela produção humana como divina: extensos caminhos espelhados virados para o céu azul de nuvens gordas. Piscavam os olhos incomodados pela frenética lambida do dia ensolarado em suas pupilas; quis ver-se por entre o firmamento solidificado nas águas frescas.



A menina acabou enlameada pela descoberta que fizera: as coisas belas necessitam de uma apreciação longínqua - sem toques ou respiração próxima. Nem tudo vai de encontro à rudeza do traço quando analisado de perto... transcende, na realidade: a podridão consome a subida das curvas, por entre as pernas, o olhar límpido igual ao das águas esconde muito além de mentiras...

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