sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

True Blood

A lâmina cega passeia pela carne fresca. Uma, duas, três, dez vezes. As primeiras gotas rubras surgem e se faz o espetáculo. A paz inexplicável de respirar, finalmente. A ardência da ferida aberta, a dificuldade de andar, as dores todas evaporadas pelos segundos seguintes. Nada é mais satisfatório do que um corte. Por uma fração de tempo, aquele sentimento de impotência, de dor ou insignificância passa e nada mais existe. É meu nirvana.
As pessoas me julgam, me xingam, imploram para que eu não faça de novo. Como se fosse um atentado eu me rasgar a pele. Só porque a pele é visível... Se vissem como está minha alma, o que fizeram comigo, o que seguem fazendo... Meu interior em chamas, rios de pus que fervem em silêncio. Um corte é só um corte.


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