domingo, 29 de março de 2015

Interrupção

Adam estava longe, mas algo em suas pintas de dálmata sabiam exatamente que tudo o que eu queria era deitar no chão ao lado dele e ficar rolando, brincando, criança.
Quanto uma dor pode te mudar? Quanto tu deixa de realizar por se preocupar?



Eu liguei pra ele tão pouco tempo antes de. e ele tinha me atendido feliz. "Oi, filha!". Sempre fui a filha, mesmo nunca. Ainda, tantos anos mais cedo e aquele "Oi, filha. Ele não tá, mas feliz aniversário pra você, viu?". E, hoje, tão longe da data em que deixou ele eternamente sentado naquele sofá que eu nunca sentei, ...  hoje eu aceitei em mim a falta que ele me faz, sem nunca ter sido meu pai.
Adam deve ter sofrido. Ela, "Oi, filha!", me disse que sentia a presença dele na casa. "É como se ele estivesse ali, resmungando na frente da tv, 'Mulher! Vem rápido ver isso!' impaciente, com o cigarro e o carinho. Às vezes eu olho e não acredito que ele não tá mais ali."
Falta tempo até agosto, mas já se passaram quase quatro anos e só agora eu consegui aceitar essa dor que é tanto tua quanto minha. Essa família que nunca foi minha. Que sempre me tratou como se fosse.

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