segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

She is so blue...

Menina Alice olhou pela janela. Há tantos anos, ela vem olhando pela janela e imaginando como é tocar aquele horizonte... tão longe e colorido. Seguir para onde suas pernas guiarem e apenas parar quando vier o cansaço.

- Diz que volta?
- Volto?
- Que volta e me leva embora. Para qualquer lugar. Para longe. Longe daqui.
- Jura?
- "Longe é o lugar onde a gente pode ser feliz de verdade." Tão fácil, né?
- Acho que tu deveria acreditar. Comigo funcionou.

Enquanto escurecia, a gente descia a rua. Em silêncio. Um silêncio tão nosso, mas que era só dele. Os hálitos de vinho branco. A despedida que viria. Tantas despedidas. Todas com o mesmo significado. O mesmo peso.

- Não temos fotos juntos. Não necessariamente de rostos, sabe? Mas fotos... Fotos de qualquer coisa, em que estivemos presentes. Juntos. Não temos.
- "Melhor lugar para se guardar um vinho é na memória.". Acho que se aplica aqui.
- Vinho branco?
- Haha

Finalmente tombou a noite e a menina Alice estava, mais uma vez, na luz sintética do vagão do trem. O barulho metálico. As bochechas ardidas de sorrisos, as lágrimas grossas ardendo os olhos e o peito inflamado. Carregava todos os últimos dois anos de brigas, dramas, conversas e risadas.
Os seres humanos têm o dom de elevar aquilo de mais intenso que há em suas relações. Ravel ensinou Alice a ser menina. Eternamente.


- Adoro o modo como tu te entrega ao que tu gosta. Isso me faz eu te admirar muito.

Finding a light in a world of ruin
Starting to dance when the earth is caving in

We're ready to begin

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