quarta-feira, 2 de julho de 2014

As matizes dos teus olhos

Acostumada com a imagem pálida que a vida pintou em sua tez, através das cicatrizes, Alice abraçou as cores que tinha (e que, talvez, ainda tenha) na véspera do primeiro dia de inverno. Aceitou, com facilidade, todos os sorrisos que podia dar, e os ofereceu com tanta calma quanto os sonhos que a beijaram naquela noite, sem se recordar exatamente.
Igual há dois anos, misteriosamente, o inverno amanheceu ensolarado! Pela primeira vez, as luzes do dia não lhe arderam o olho e pudera contemplar cada sarda daquele outro rosto para, só assim, transbordar na paz que buscara. As matizes esverdeadas dos olhos de Lestat sorriram o silêncio do bem-estar.
No momento em que a fumaça bailava do âmago às nuvens claras, ela percebeu que era a primeira vez que o via de dia. Sua barba crescera tanto em tão poucas horas... Era a primeira vez que Alice aceitou que aquilo tudo era diferente, mesmo não devendo ser.




Tes couleurs léchent ma rétine, même quand je suis avec mes yeux fermés.

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