quarta-feira, 21 de maio de 2014

Férias

Negros véus se estabeleceram em sua cabeça e tudo o que era luz tornou-se arrependimento. Fez-se silêncio e o fez sem dar aviso. Pôs-se em retiro, mas a noite não esperou uma solução para tombar. E tombou.
Tombando, pedregulhos e cacos de vidro machucaram os olhos dela. Foi quando a cegueira voltou a existir e vazou sangue das chagas que jaziam secas. Tudo, apenas, acabava de voltar ao normal.
O coração, murcho, batendo em um sopro cansado, entrelaçou emoções às pálpebras mal erguidas, descompondo o rosto de Alice. Por que continuar manter?

De repente, ouviu o zunido daquela frase que escutara em meio a lençóis e calor:
"- Estar contigo é como estar de férias."
As dores, outrora amortecidas, apareceram sorridentes; os rios que corriam alegres, findaram congelados - e prenderam o "patinho feio" em suas águas límpidas e cortantes da lembrança.


Enquanto a calmaria inundava o sono, eu me deixei afogar em uma tranquilidade que eu só poderia receber ali, em ondas, perfeitamente moldada à escuridão - do corpo, do quarto, da cidade.

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