Estavam
os corpos em contraste, úmidos e presentes. O gelado da cerveja a
estalar línguas unia-se à projeção mútua entre íris. A ponta
dos dedos extravasavam um sentimento proibido na pele do outro.
Deixou ser invadida pelos olhos negros dele, enquanto ele sorria,
contido, toda a felicidade compartilhada que ninguém mais sentiu.
Talvez ali, sem ninguém saber, estivesse uma nova caixa de Pandora –
essa, a guardar toda a serenidade que o mundo não soube abrir.
Os sonhos
restaram recolhidos em face da realidade tragada pelas madrugadas
insones. A mocinha ficou analisando cada traço do rosto adormecido
do menino, e, mesmo não tendo sentido o cansaço de tal exercício,
repousou em seu peito. Não (querer) admitir não significava que não
estava acontecendo.