quarta-feira, 16 de março de 2011

Carta ao que tenho em mãos.

Encontro-me em querer definir-te, vida... Sanguinária, mordes-me a mandíbula e rasgas minhas costas com teu peso - que não desejo deixar de sentir -, além de insistente  em desordem  ao arranhar as coxas, descobrindo que podes sentir o aroma de minha nuca durante meu sono. Fitas-me os olhos de maneira insistente... mesmo que eu queira procurar pedras entre a areia da praia ou imaginar os volteios do vento refrescante na noite sem neblina.
Do que eu deixei para trás, só tu te atreves a cuidar para que volte - ou não - em momento certeiro de predestinação: meu caminhar até o fim paciente e amargo. E sorrir para um mundo sem cores, tatear tuas mãos insensíveis para minha cegueira, abraçar-te como a nostalgia corrosiva que me habita... permite que deixe as relembranças de que passas por mim e marcas-me com brasas que não ardem...
A propósito das asas que descobri ter... obrigada por se unir a elas, vida, e lançar-me no mais alto do firmamento, de encontro aos sonhos que pensei que não tinha. Inesperadamente, meus olhos vazados, não podendo enxergar, conseguiram sentir o brilho do que é, verdadeiramente, a grossa nuvem escura que outrora chamei de "Sol".

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