terça-feira, 18 de janeiro de 2011

De Porto Alegre ao Rio de Janeiro... (o primeiro avião)

Que sensação gostosa essa de sentir o avião subindo em direção ao infinito. Não tem morfina que bata o gozo da inércia. É uma vertigem que lambe e mordisca as canelas em direção ao ventre, que prende os braços em uma estrutura invisível e banha a cabeça com sonhos prazerosos. A janelinha mostra o distanciamento escalar do paupável para o meio do nada. As nuvens embebedam minha constante dor de cabeça, e, por um instante me consomem todos os poros do corpo por um sentimento de liberdade, tesão, satisfação; como se eu merecesse sentir tudo aquilo. Morreu, pelo tempo da decolagem, minha depressão. É vergonhoso dizer que não senti vontade alguma de pensar no que eu estava deixando em solo?
O serviço de bordo apareceu e, com ele, o desejo de compartilhar tudo. Estranhamente, misturado ao forte cheiro dos amendoins, senti o perfume dela. Doce, suave, me acalmando da calma que eu já sentia.
O sol apareceu no meio disso tudo, de repente, me roubando a atenção. Olha: vida! Um dia, meus amores, vocês estarão fazendo este mesmo trajeto, mas estaremos os três juntos, de mãos dadas, rindo em um orgasmo intenso que nos traz a felicidade.
Em tua homenagem, linda, pedi um café. Não tenho nada mais poético a dizer do que: apertou meu coração, senti tua falta. Só pelo cheiro desse vício que me proporcionaste. O gosto... nunca vai ser melhor que o teu. A cada gole, eu sorvia tua pele, teus lábios, teus olhos. As nuvens escondiam lá no fim do céu a pureza da tua alma, a maciez pálida das tuas curvas, a imensidão da nossa existência.

Um comentário:

  1. Nada é vergonhoso, sobretudo, quando se está apenas aproveitando o doce da vida! ;)

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